terça-feira, 18 de setembro de 2012

Aldeia no pé do Pico do Jaraguá

Área Indígena de Jaraguá
 Guarani
Município de São Paulo – Estado de São Paulo
Situação Fundiária: Área Demarcada – 1,7 ha
Habitantes: aproximadamente 20 pessoas
Grupo: Guarani Ñandeva
Economia: artesanato, agricultura, e trabalho esporádico junto a sociedade não-índia
Língua: Guarani
Religião: Guarani



Essa aldeia  se localiza perto de casa( Pico do Jaraguá), podendo ver assim a situação difícil em que vivem, mas também a vontade de lutar por melhores condições e acessibilidade a sociedade.
Localizadas na Zona Oeste de SP, perto do Pico do Jaraguá, essas aldeias urbanas vivem em situações precárias, sem infra-estrutura e sem qualidade de vida.  A Tekoá Pyaú está entre as menores aldeias do Brasil que esperam pela demarcação de sua terra de apenas 2,7 hectares, onde vivem mais de 80 famílias.
Diante da precariedade que vi, mudanças de estrutura da FUNAI são necessárias, caso sejam direcionadas para  Políticas Indigenistas que lutem pela proteção e promoção dos povos indígenas.Mas também pude ver a cultura arraigada, lutando para não ser esquecida com o passar dos anos

No dia 03 de março de 2012, Jandira Augusto Venício, Kerexu, faleceu no hospital de Pirituba onde havia sido internada após um AVC ocorrido em sua casa, na aldeia do Jaraguá em São Paulo.

Seu corpo foi velado na escola e na opy’i (casa de rituais) na sua aldeia, com manifestações comoventes de todos os órfãos que deixou. Apesar de sua placidez, lideranças embalavam sua alma afirmando que seus parentes ficariam bem e que em amba porã, para onde estava indo, haveria mata em abundância e muito kaguyjy.

Em seus 78 anos de vida, Jandira criou na aldeia do Jaraguá - a menor Terra Indígena do país com apenas 1,7 hectares - 15 filhos, incluindo os que adotou plenamente, 35 netos e 33 bisnetos. Órfã de mãe ainda criança, cuidou incessantemente de todos aqueles, de várias aldeias, que na doença e na necessidade a procuravam.

A cacica Jandira, assim conhecida após a morte de seu marido Joaquim, integra a geração de caciques e lideranças que na década de 1980 iniciaram e orientaram o movimento guarani pelo reconhecimento de direitos territoriais e pela regularização de suas terras situadas nas regiões sul e sudeste do país. Faleceu com a esperança de ver finalizado o longo processo de ampliação da TI Jaraguá e com o desejo de paz.

Era ela a memória viva do lugar onde foi formada uma aldeia guarani, ao lado de um córrego com água cristalina e animais silvestres, ambiente que rapidamente se deteriorou com a contaminação das nascentes fora da aldeia e da abertura de estradas. Nos últimos 10 anos, apesar de todas as perdas que sofreu, ainda lhe eram impingidas contas de água de valores absurdos que a angustiavam.  

Se a pequena terra era insuficiente, em seu coração o espaço era infinito para acalentar e  abrigar várias gerações.




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